Como na natureza, há fases na vida em que tudo parece marinar num sono acordado. Não é necessariamente bom ou mau, simplesmente os dias passam, uns atrás dos outros numa cadência diferente. O inverno ainda se sente e o instinto de recolhimento prevalece.
Esta é a altura ideal para reavaliar as dinâmicas que nos conectam com o mundo, com os outros e conosco próprios. É aqui que entra o SUPER PODER DO SILÊNCIO. A sua envolvência e tranquilidade são o combustível eficaz que nos permite tecer a realidade, encontrar paz e recarregar baterias.
Pode parecer contra producente abrandar o ritmo e a lufa lufa do dia-a-dia, socialmente estamos altamente condicionados a não parar. O sentimento de velocidade, caraterístico dos tempos modernos, está-nos entranhado e abrandar causa ansiedade.
Mas esta é um arte que se pratica e com o tempo os seus benefícios vão-se revelando e o processo vai ficando mais fácil.
Usufruir de momentos de silêncio na natureza é uma das práticas mais eficazes para garantir que os momentos de pausa se tornam mais criativos e rejuvenescedores. As texturas, aromas e sons da natureza são o paraíso multissensorial que nos ajuda a ativar uma mudança de perspectiva sobre os desafios e condicionantes da vida.
Seria ótimo que todos conseguíssemos incorporar nas nossas agendas agitadas deslocações frequentes para locais em plena natureza e longe do rebuliço dos centros urbanos. Sabemos que não é realista. Então como incorporar pequenos momentos de silêncio no nosso dia-a-dia?

5 estratégias para ativar diariamente o super poder do silêncio
Exposição à luz solar. A manhã é a altura ideal para incorporar um momento de silêncio e contemplação, antes de estarmos disponíveis para o mundo e para a tecnologia. Captar alguns raios de luz pela manhã envia um sinal importante para o nosso corpo regular os ritmos biológicos internos. Em vez de iniciar o dia logo numa correria, e saltar para o écran do nosso telemóvel, faz toda a diferença passar alguns minutos em silêncio, num local tranquilo, no exterior ou mesmo junto a uma janela. Ativamos a nossa mente para começar o dia de forma mais focada e produtiva.
Uma pausa retemperadora Já sabemos que agendar pausas intencionais ao longo do dia faz diferença na gestão dos nossos níveis e energia. Planear efetuar essas pausas num local em que predominam alguns elementos naturais pode fazer a diferença. Um local com plantas naturais, ou com vista para o céu, ou uma visita à árvore lá da rua.
Fazer uma caminhada. Andar a pé tem impacto no nosso estado de espírito, o corpo exercita-se e automaticamente a mente acalma-se. Sempre que possível privilegiar as deslocações a pé em detrimento do transporte habitual. Esta pode revelar-se uma excelente estratégia para conquistar alguns minutos de silêncio e introspeção diários.
Tomar uma bebida quente. Usufruir de alguns momentos só para nós para usufruir de uma bebida quente pode funcionar como um mecanismo de ativação dos nossos sentidos. De forma consciente percepcionar o calor, o aroma e a textura de uma chávena da nossa bebida preferida.
Abraçar o nada. Aqui está talvez a forma mais difícil de abrandar. Experimentar durante alguns minutos permanecer na posição sentada, ou deitada sem fazer absolutamente nada. Nem meditar, nem pensar conscientemente na respiração, nem planear, nem relembrar, nada. Apenas contemplar, de preferencia ao ar livre. Mas não sendo possível, encontrar um local agradável junto a uma janela, ou num local com elementos naturais, como pedras, madeira ou plantas.
Estas são apenas algumas dicas, entre tantas outras que podem funcionar melhor, ou não, consoante as preferências e os contextos pessoais. O importante é estar consciente que incorporar que seja apenas uma destas estratégias, ou outra que seja igualmente eficaz, pode ser uma forma muito simples de iniciar uma transformação nos nossos hábitos diários, em prol de uma vida mais tranquila e saudável.
Sugestão de leitura

No livro O Silêncio na Era do Ruído, Erling Kagge explora o papel do silêncio num mundo marcado pelo frenesim da vida moderna. O autor, um explorador norueguês, partilha as suas experiências e reflexões sobre a importância do silêncio numa sociedade cada vez mais ruidosa e agitada. Kagge analisa como podemos encontrar e cultivar o silêncio em diversos contextos do quotidiano, desde as movimentadas ruas das cidades até às vastas paisagens naturais. Argumenta que o silêncio não é apenas a ausência de som, mas também uma presença poderosa que pode alimentar a criatividade, a introspeção e a ligação com o mundo à nossa volta. Ao longo do livro, o autor oferece insights inspiradores e práticos sobre como podemos abraçar o silêncio para encontrar paz interior, clareza mental e um sentido mais profundo de significado nas nossas vidas. Sem dúvida um ótimo ponto de partida para a exploração do nosso próprio silêncio interior.
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